Os melhores vinhos para acompanhar borrego
Páscoa e vinho, uma relação com milénios
A Páscoa está a aproximar-se, assumindo-se como uma data muito importante para as religiões cristã e judaica. Aliás, o seu nome está ligado a esta última e surgiu da palavra hebraica Pessach (passagem). Para os hebreus, esta “passagem” – a travessia do Mar Vermelho que, segundo a lenda, “abriu” as suas águas para permitir que o povo liderado por Moisés conseguisse fugir à opressão dos faraós egípcios e rumasse à Terra Prometida –, marca o fim da escravidão e o início da libertação do povo judeu. Passagem é, também, o seu significado entre os cristãos, traduzida aqui pelo percurso que Jesus fez da morte para a vida: a Ressurreição.
Esta data tem festejo grande à mesa, refletindo, aqui também, a simbologia da história. Jesus, sabedor de que seria perseguido e acabaria pregado na cruz, decidiu preparar a festa da Páscoa (que já era comemorada há 2000 anos antes do nascimento de Cristo), reunindo os seus discípulos à mesa no que veio a ser conhecido como A Última Ceia. E foi aí que ofereceu o pão e o vinho (“este é o meu corpo… este é o meu sangue”), que, na altura, eram a base da alimentação. Muito se discute hoje se não haveria mais nada na mesa e há historiadores que garantem que o borrego estava também entre o que foi consumido na Última Ceia.
Que vinho escolher para acompanhar borrego?
Chegamos assim ao borrego assado, que nesta época é rei nas mesas portuguesas, e também ao vinho, dois elementos historicamente associados a esta tradição secular. Que vinho devemos escolher para acompanhar um prato de sabor tão intenso? Neste particular aspeto, não devemos seguir a tradição e isto porque nessa altura, segundo relatos que nos chegaram de gregos e romanos, o vinho era frequentemente não fermentado e, em geral, misturado com água, numa proporção, mais ou menos, de 20 litros desta última para cada litro de vinho.
Sabemos que o borrego assado é um prato aromaticamente muito forte, pelo que vinho com água seria um desastre… Temos, sim, é de ir à procura de um vinho tinto poderoso, com muita fruta madura, taninos redondos e acidez, tudo isto capaz de fazer frente ao borrego no forno.
As opções são muitas, é verdade, mas o recurso a um vinho do Alentejo pode ser uma ótima solução para a sua refeição pascal. Neste caso, aconselha-se uma leitura atenta do rótulo da garrafa, optando por um vinho com uma grande base da casta Alicante Bouschet. Mas também ficará bem servido com um vinho onde predomine a casta Cabernet Sauvignon, como o Casa Ermelinda Freitas Cabernet Sauvignon 2013, que evidencia muita estrutura e complexidade aromática.
Agora, estamos de facto preparados para saborear o nosso borrego acompanhado por um grande vinho – a consumir com moderação – que só tornará ainda mais memorável esta data celebrada em família. Boa Páscoa.