Da casca aos gomos: com uma laranja, tudo se faz

Fresca, doce e sumarenta, a laranja é um dos frutos mais apreciados em Portugal. É tão típica do nosso país que, em muitos locais, o seu nome até se traduz para bortuqal (em árabe) ou portokáli (em grego).

Embora o pico de colheita deste fruto possa variar de ano para ano, ou de mês para mês, de acordo com as regiões de plantação e as alterações meteorológicas, a verdade é que o nosso território oferece as condições perfeitas para a sua produção. De tal modo que o colhemos durante a maior parte do ano.

É também por isso que é uma presença assídua à mesa dos portugueses, especialmente no inverno, quando as suas propriedades nutricionais são mais valorizadas.

Com quase 90% de água e apenas 47 kcal por 100 g, a laranja é um verdadeiro tesouro nutricional. Rica em ácido fólico, fibra e vitamina C, este pequeno fruto fortalece o sistema imunitário, promove o funcionamento do organismo e apoia a saúde digestiva.

É por isso que comer a laranja inteira é mais benéfico do que beber só o sumo: a fibra encontra-se maioritariamente nas membranas entre os gomos. Por outro lado, beber o sumo é, geralmente, mais calórico, uma vez que costuma ser preparado com mais do que uma laranja e como não promove a mastigação, proporciona menor sensação de saciedade.

E será que sabe de quantas laranjas precisa para obter a Dose Diária Recomendada (DDR) desta vitamina? Apenas uma.

Assim se entende a importância deste fresco para quem procura uma alimentação equilibrada e saudável.

Produzidas e colhidas ao longo de quase todo o ano, as variedades da laranja em Portugal incluem as “de umbigo,” como Navelina ou a Newhall, e as “sem umbigo,” como a Valencia Late ou a D. João. Conheça-as um pouco melhor.

João: Pequena e doce, pode permanecer na árvore até setembro sem perder qualidade. Muito sumarenta, é excelente para sumos e gastronomia.

Lane Late: De forma esférica, esta variedade distingue-se por uma casca fina, de coloração mais clara. Matura mais tarde, pelo que a encontra mais facilmente entre fevereiro e abril.

Navelina: De casca delgada, uma cor intensa e uma polpa doce, está disponível de final de outubro/início de novembro a fevereiro, sendo um clássico de consumo à mesa.

Newhall: Em tudo semelhante à Navelina, mas com uma forma mais alongada. Não contém sementes e matura de final de outubro/início de novembro a fevereiro.

Valencia Late: Originária dos Açores, é ideal para sumos, estando disponível de março/abril a julho e, por vezes, até mais tarde.

Esta fruta parece não ter limites para a sua potencialidade gastronómica. De origem nacional ou internacional, o número de receitas que a integram é verdadeiramente extenso.

Das entradas às sobremesas, aqui fica uma pequena amostra de tudo o que este pequeno fruto lhe permite fazer!

Entradas

Junte a frescura do peixe à frescura da fruta e prepare este ceviche peruano, ou surpreenda com uma entrada original e muito saborosa: rolinhos de alheira.

Sopas

Dê mais entusiasmo aos sabores tradicionais e junte um pouco de sumo ou raspa às suas sopas. Experimente este creme de legumes ou de cenoura.

Pratos de carne

Além de ajudar a realçar os sabores da carne, há receitas nas quais esta fruta é essencial. Por exemplo, este frango assado e este borrego com hortelã.

Pratos de peixe

Nos pratos de peixe, a sua acidez equilibra os sabores e destaca a frescura do mar. Faça o teste e use este citrino em pratos mais tradicionais, como a dourada, à qual juntamos alguns pimentos, ou o robalo.

Saladas

Para refeições mais saudáveis e equilibradas, junte uma porção de fruta às saladas e transforme-as numa refeição ainda mais apetecível e saborosa:

– Com agrião e salmão fumado;

– Com burrata;

– Com maçã, beterraba e endívias.

Como se vê, as possibilidades são praticamente infinitas. Contudo, lembre-se de que esta fruta continua a ser um alimento extremamente benéfico por si só, podendo ser consumida entre as refeições, ao pequeno-almoço ou ao lanche. A propósito, já experimentou estes queques?

Embora a maioria das receitas com laranja a utilize como acompanhamento ou para realçar os sabores dos ingredientes principais, nas sobremesas, esta fruta é rainha.

A torta de laranja húmida é um exemplo clássico, mas há mais. Por exemplo, se estiver à procura de um desafio, viaje até França e inspire-se numa receita tradicional da cozinha francesa: o famoso crepe Suzette.

Trazida para a Europa pelos portugueses, hoje é uma presença indispensável na nossa gastronomia. Embora cultivada em várias partes do mundo, em Portugal, a produção da laranja do Algarve e do Alentejo é a que mais se destaca.

O clima ameno, a baixa ocorrência de geadas e a abundante insolação tornam estas zonas ideais para o cultivo de citrinos, conferindo-lhes um sabor único e distinto.

No entanto, nem só de Portugal se fazem as laranjas. Existem outros locais nos quais este fruto é igualmente apreciado, mas cujas características e sabores se diferenciam. Entre as mais conhecidas, encontramos:

– Kumquat (Japão)

– Laranja Pêra (Brasil)

– Laranja Lima (Brasil)

– Sanguínea (Itália)

Estão sempre disponíveis, sendo possível saboreá-las em todo o tipo de receitas, das mais tradicionais às mais inovadoras. Em Portugal, não faltam!

Tendo em conta os seus benefícios e utilizações gastronómicas, a laranja é um ingrediente imprescindível na cozinha e na mesa dos portugueses, incluindo nas ocasiões mais tradicionais.

Na Páscoa, por exemplo, é uma parte essencial do cabrito com alecrim; e, no Natal, é incluída no recheio do peru ou para dar mais sabor às filhoses.

Ao mesmo tempo, esta fruta é também essencial em regiões que vão além daquelas em que é produzida. Afinal, o que seria da Poncha da Madeira, sem ela? Melhor: o que seria da cozinha portuguesa sem esta fruta?

Para comprová-lo, espreite esta coleção de receitas de pratos principais com laranja e de sobremesas verdadeiramente deliciosas.